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Partida repentina da cantora Marília Mendonça deixa os brasileiros de luto

 

Tragédias como a que aconteceu com a cantora Marília Mendonça, na última sexta-feira (05 de novembro), geram uma grande comoção em torno dos fatos. Publicações, homenagens e notícias sobre o acontecimento fortalecem a sensação de luto coletivo na sociedade. Sobre o sentimento impulsionado pelo ocorrido, a psicóloga do luto do Morada da Paz, Simône Lira, diz que a postura dos fãs na expressão de luto pode ser positiva quando é respeitosa.

“Não acredito de forma nenhuma que as pessoas ficarem enlutadas por causa da morte de um famoso que admiram seja algo ruim. Pelo contrário, isso é positivo, pois demostra que a pessoa que morreu fez a diferença na vida de muita gente. A questão é que os enlutados que não fazem parte da família precisam entender que há limites na forma de expressar esse luto. É preciso entender que os familiares estão impactados pela notícia do falecimento e precisam de privacidade”, explica ela.

Nesses momentos de grande tragédia, é comum que o luto seja apresentado de maneira coletiva, mesmo que as pessoas enlutadas não tenham proximidade familiar com as vítimas. “Essa mobilização acontece porque solidariedade e empatia são sentimentos bem presentes no ser humano. Nestes casos, é comum refletir sobre si e pensar ‘se fosse eu mesmo?”, diz a psicóloga.

A morte por tragédia possui características semelhantes ao sentimento advindo de uma situação de morte natural, por exemplo, mas se difere por pegar entes queridos de surpresa. “Por se tratar de um tipo de morte mais chocante, o luto advindo de uma tragédia vem com um peso maior pois, além da perda do vínculo, os parentes e amigos próximos são surpreendidos. Na morte natural, as pessoas se preparam mais, vivem o que chamamos de luto antecipado”, diferencia.

Em casos como o da cantora, que estava no topo do mercado musical do Brasil, a orientação é que os admiradores respeitem o luto da família. “Foge ao natural a morte de uma jovem de 26 anos. É esperado que as pessoas se solidarizem. Em situações com essa, é necessário observar o contexto, quais suportes os enlutados já têm e quais recursos religiosos e sociais existem para entender a melhor forma de ajudar. Por parte dos fãs, é necessário respeitar e não invadir a privacidade da família”, reforça.

Partindo do pressuposto que os vínculos cultivados nos círculos de convivência não se encerram com a morte, o conselho da psicóloga do luto é adaptação ao momento. “Antigamente falávamos muito sobre a superação do luto, mas hoje a ideia ressignificar. É preciso dar um novo significado ao vínculo. Não existe uma receita de como fazer isso, mas um bom início é aceitar o luto”, orienta.

Simône acrescenta ainda que, por vezes, as pessoas têm receio dos sentimentos do luto, pois acreditam que poderão até entrar em depressão por causa disso e acabam potencializando a dor. “Aceitar o luto como um processo natural, que é doloroso, angustiante, sofrido e que traz saudade, pode dar um novo sentido para o momento e resultar em um luto mais tranquilo”, finaliza.